sexta-feira, 18 de junho de 2010
Da morte.
Hoje morreu o José Saramago.
Hoje, alguém que me conhece muito bem, disse-me que imaginava que eu estaria triste, porque não iria poder enriquecer a minha biblioteca com novas obras do José Saramago.
Hoje, essa afirmação fez-me recordar o momento e a forma como me apaixonei pela escrita do autor, fez-me recordar que, num repente, ele tornou-se um dos meus autores de eleição.
Hoje, apetece-me contar como foi.
A minha relação com a obra literária de José Saramago começou com a leitura da sua obra mais complexa "O Evangelho Segundo Jesus Cristo". O livro foi publicado, no ano de 1991, era eu ainda adolescente. Toda a polémica que a publicação gerou deixou-me cheia de curiosidade. Aliavam-se as duas coisas de que eu mais gostava, leitura e discussão. Era perfeito. Tratei de imediato de o pedir emprestado à minha melhor amiga e comecei a ler. No início tive muita dificuldade em seguir o texto. A forma era diferente de tudo o que já tinha lido e a narrativa era demasiado complexa e pachorrenta. Confesso que me apeteceu abandonar a leitura mais do que uma vez. Mas se o fizesse, seria a primeira vez que deixava um livro a meio, pelo que persisti, quase obrigada e muito devagar. De repente, mais ou menos a meio do livro, aconteceu algo de inexplicável. A narrativa começou a voar e a forma foi absorvida, integrada. Comecei a gostar muito do que estava a ler e a não conseguir parar. Cada pedaço de tempo livre passou a ser ocupado com a leitura do famigerado "Evangelho". Parei apenas quando foi virada a última página. Ou melhor, não parei, porque depois de terminar esse livro comecei a ler outro e depois outro e depois outro. Rapidamente, o José Saramago tornou-se no autor mais bem representado da minha biblioteca, no autor mais lido por mim, num dos meus autores preferidos, e o seu livro"Ensaio sobre a Cegueira" num dos livros da minha vida.
Hoje, eu estou triste, porque desapareceu um dos melhores escritores do mundo.
Hoje a pena foi pousada para sempre, e o mundo das letras ficou mais vazio.
Hoje morreu o José Saramago.
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Foi também o primeiro livro que li dele. Estava na praia, verão de 1993.
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarTambém foi por aí que comecei. E o Ensaio tornou-se o livro da minha vida.
Um abraço
Sandra, tens toda a minha solidariedade.
ResponderEliminarO Saramago é, e continuará a ser, uma das mais importantes personalidades literárias de Portugal (e não só).
Já agora, o primeiro livro que li dele foi o Memorial do Convento, claro. Obra magnífica e que contém uma das mais belas personagens da literatura mundial: Blimunda Sete-Luas.