O corpo consumido pelos sintomas da gripe, ordena que já chega de cama. Levanto-me e trato da vida. Amonto-o aos pés da cama a roupa apanhada da corda, à espera que os braços esgotados recuperem a força necessária à dobragem. Na televisão passa um filme de qualidade duvidosa, que já vi pelo menos umas três vezes. Decido despachar os pareceres que deverão seguir amanhã sem falta. Amanhã que é segunda e que por imposição exterior estarei a ouvir alguém a explicar-me como se gerem conflitos. Mas amanhã deverão seguir os pareceres. Hoje é domingo, e o tempo não pára. A voz que sai da televisão é rouca, uma espécie de trovão. O homem que a emite é uma espécie de colosso, um agregado de músculos bem definidos, descobertos ou cobertos em alternativa por uma camisola de alças justa. É o meu fetiche, o meu maior prazer proibido, a fonte da interrogação ilimitada.
Questiono-me se num dos seus semelhantes encontrarei a cura para todo o mal que me assola. Se assim não for, continuarei a procurar. Mas desta feita, sossegada pelos relâmpagos que me soprarão aos ouvidos, pelas tenazes que me cingirão o corpo, pela candura que me descansará a mente.
(foto gamada algures na net)
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