terça-feira, 31 de julho de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

"Tu, para mim, és gajo!"*

"Clarisse não demorava horas na casa de banho, essa era uma das coisas em que parecia um homem. Uma daquelas raparigas, raras, de quem podemos dizer, como elogio, que é um dos rapazes."

Os íntimos - Inês Pedrosa (p. 67)


(* expressão proferida por um indivíduo com insanidades várias, após admoestar-me por eu usar linguagem menos própria para um senhora.)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Respira fundo.

Na minha permanente inconformidade com a ordem instaurada, nunca a ausência de atípía me foi tão reconfortante.

terça-feira, 24 de julho de 2012

It took you so long to realize

Dizes-me, meio a medo, porque ainda não estás completamente recomposto da explosão verborreica com que te atingi quando ainda a chuva e o frio reinavam na cidade: "É tão bom ver-te sorrir de novo para mim.". Eu, que aprendi que há coisas que é necessário calar, conservo no meu interior o que me vai no pensamento: "Era o teu cheiro, a peça do puzzle que faltava para me desbloquear, em simultâneo, o orbicular e o bucinador".

Ao redor da vida

"O amor é um estímulo para a imaginação, uma droga sem efeitos secundários. Não é por não ser correspondido que deixa de me dar alento. Pelo contrário: a nega aumenta a tusa. A dificuldade atiça o engenho. O amor é um sucedâneo da arte. Ou a própria arte, agora que tudo é sucedâneo. Freud argumentaria que esta forma de pensar é própria de um narcísico que nunca foi capaz de ultrapassar a fase primária. Talvez Freud tivesse sido mais feliz se experimentasse as virtudes do narcisismo, em vez de se fixar nos mistérios da infância, que é apenas a época mais chata da vida. As crianças que o digam."

Os íntimos - Inês Pedrosa (p. 26-27)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Exumar emoções

Constatação matemática

É por ser tão fácil fazer contas de somar, que eu mantenho os meus números em silêncio.

domingo, 22 de julho de 2012

A cereja.

dezoito, dezoito, dezoito, dezoito, dezassete, dezanove,...

Competências básicas.

Cheguei à proficiência nisto que é quebrar as regras que defino para mim própria.

Não é possível!

Sendo eu tarada pelos filmes do Jet Li, e pelo próprio também, já para não falar no Morgan Freeman, não compreendo como é que nunca vi isto antes. E com a banda sonora farta de tocar cá por casa. Começo a achar que tenho a vida em atraso uns valentes anos.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Voltei a gostar de jantar fora no Condado Portucalense

Já me tinham avisado, mas eu não acreditei. Até porque o relato foi feito por um sujeito dado à hipérbole e eu, rapariga avisada, atribui logo cinquenta por cento daquilo ao exagero habitual. Ainda assim, a narrativa encheu-me de curiosidade e munida de companhia à altura, lá parti rumo à aventura.
Quando após algumas voltas à procura em vão, o tipo que me acompanhava se resolveu a ligar o GPS, verificamos que a localização era por demais conhecida, pois o nosso destino ficava lado a lado com uma taberna onde chegamos a morar quando éramos mais jovens. "Afinal era tão fácil. Maldita mania de nunca olhar para o nome das ruas." Pensamos em conjunto, quero acreditar. Entramos e logo demos de caras com o dono do espaço, garfo numa mão, pincel na outra, sorriso espraiado, faces rosadas pelo fogo do fogareiro. Pergunta-nos se telefonamos. A medo respondo-lhe que não e ainda mais a medo pergunto se está complicado. Imediatamente aparece um jovem que informa que não está nada complicado e que nos podemos sentar na mesa que nos indica e que, a meu ver, é a melhor da casa. O mesmo jovem que nos sentou, pergunta-nos o que queremos beber. Acordamos que bebemos vinho branco e maduro, porque o verde não é tolerado pelo meu estômago sensível. Sem sequer vermos a carta dos vinhos, aparece-nos na mesa uma garrafa de um Douro, moderadamente refrescada que, não sendo o melhor vinho que já bebi, acabou por regar muito bem a refeição. Junto com o vinho vem a informação de que o "paizinho já os aconselha quanto à comida". Ainda estávamos à espera do prometido aconselhamento e já o "paizinho" nos tinha colocado uma travessa com cerca de 10 sardinhas em cima da mesa, seguida por uma outra, desta feita trazida pelo filho, a abarrotar de tomate, cebola e pimento assado. Eu, que não era particularmente amante de sardinhas assadas, lá me atrevi a provar. Não era, mas entretanto passei a ser, porque tratei de deglutir metade da travessa sem sequer parar para dar conversa ao tipo que me acompanhava e que se foi entretendo com o jogo do Sporting. A meio de uma mastigadela, ouvi o dono do grelhador murmurar, enquanto passeava entre as mesas e olhando para nós "Ora, peixinho para dois...". Compreendi então que as sardinhas eram apenas a entrada e que ainda me esperavam mais novidades. E não tardaram. Acabadas as sardinhas, e apenas com alguns minutos para nos recompormos, aparece-nos na mesa uma travessa composta por duas batatas cozidas com casca, partidas a meio e uma quantidade de peixes e moluscos grelhados, que seria mais que suficiente para quatro, tudo acamando sobre um molho de azeite. Confesso que pensei que o senhor já estava com os copos e nos viu a dobrar mas, ainda assim, não me fiz rogada e espalhei pelo prato duas metades de lula e um pedaço enorme de raia. Mais uma vez confesso que são duas espécies que me inspiravam o mesmo tipo de sentimentos que a sardinha. E repito inspiravam, porque mais uma vez me deliciei com ambas e repeti até sentir que não conseguia que coubesse sequer mais um alfinete dentro do meu aparelho digestivo. Não cabia, pensava eu, porque após algum descanso, o jovem colocou-nos em cima da mesa um prato com dois garfos e algumas fatias de tarde de leite creme, para as quais eu lá consegui encontrar um espacinho, não me tendo arrependido de tal, porque também a sobremesa era uma delícia.
Já me tinham avisado que seria assim, que era o Espanhol que determinava o que se comia, mas eu achei que era exagero. Já me tinham dito que ali havia um dos melhores, senão o melhor peixe grelhado de Matosinhos, mas eu duvidei. Agora acredito. Apenas não compreendo o porquê de viver na cidade vizinha há 38 anos e nunca ter sido informada da existência do "Cantinho do Espanhol". Ups! Às tantas o segredo é tão bem guardado por quem conhece para que, tal como eu, também esses possam aparecer sem avisar e ainda assim ficar instalados na melhor mesa que a casa tem.

As coisas que me ensinam.



"Emprestado" pelo Marco.


Mas hoje não, hoje deixo-te livre para me contares.

A poderosa capacidade de ouvir e ler nas entrelinhas provoca-me, não raras vezes, sentimentos de angústia, não tanto pelos conteúdos que me vai comunicando, mas por considerar que, mais do que uma capacidade, aquilo não passa de um conjunto de surtos psicóticos agudos que se vão apoderando do grilo falante viciado em ácidos, que comigo comunica nos momentos de silêncio absoluto. E todos sabemos que, dependendo da quantidade de psicotrópicos que ingerem, os grilos falantes podem ser criaturas altamente falaciosas. Por isso, todos os dias lhe atiro com o haloperidol embrulhado em alface fresca para dentro da gaiola, nos horários exactos, na certeza de que será esse o remédio para coartar qualquer tentativa para me influenciar. Como alternativa, e quando o fármaco não chega à gaiola por falta de forças, recorro ao disco dos Rammstein, pois já descobri que nada resulta melhor que umas horas hard rock alemão para abafar todo e qualquer som que o animal possa querer soltar.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O que fica sempre por dizer.

O medo irracional do desconhecido, não da dor.
Porque a dor apaga-se com a mesma agulha que a origina, com o sono que chega devagar, enquanto se dizem os números ao contrário, porque a dor, ainda que da pior forma, é a força que nos revela que vivemos um dia atrás do outro, que nos objectiva, que nos prospectiva.
O medo irracional do desconhecido, não da dor. 
Porque o desconhecido permanece sem apontar uma data para a sua completa extinção, porque o desconhecido, sem qualquer lógica ou razão, já se insinua hoje, fortalece-se amanhã de manhã e promete manter-se inabalável até ao principio da eternidade. 
O medo irracional do desconhecido, que é a pescadinha de rabo na boca que me torna num ser irracional e me faz ter medo de viver com medo.
O medo irracional que me fragilizou, me tornou quebradiça, me impediu de te dizer hoje, enquanto vagueava entre milhões de palavras escritas em folhas de papel que, mais do que do som da tua voz, do que eu precisava era de um abraço teu.


sábado, 14 de julho de 2012

Far West

Passo as duas últimas semana imersa em homens, numa tarefa homérica de avaliação. São cerca de cinquenta no total. Junto-os em grupos, separo-os, volta a juntá-los e por fim isolo-os. Em média, passo cerca de três horas com cada um, a esmiuçar-lhes a vida de fio a pavio. Em média passam três horas comigo, empenhados em manobras de sedução que visam convencer-me que são aquele, o que eu quero, o que tornará a equipa vencedora. Hoje, incapaz  de suportar qualquer companhia masculina, isolo-me e inicio a dolorosa escolha. Necessito de decifrar as notas que fui garatujando numa caligrafia que nem sempre compreendo. Aos poucos, muito lentamente, vou formando o grupo, juntando um a um... Toca o telefone . Interrompem-me o raciocínio para me perguntarem do tiroteio. Tiroteio? - pergunto. Que tiroteio? Do outro lado, um riso nervoso informa-me que acabou de haver um tiroteio entre os meliantes do costume e a polícia, ali ao lado, a cinco metros. Olho pela janela e observo as manobras. Respondo que não, que não ouvi o que quer que fosse, que tenho estado ocupada e que não dei conta, e desligo, para rapidamente esquecer o que se passa lá fora e mergulhar de novo na construção de Legos que me ocupou o dia. São nove da noite quando termino. Olho pela janela e é quase noite. Vejo que a rua está livre de policia, e por algumas horas, estará também livre de bandidos. Antes de me fazer à estrada, procuro a noticia nos jornais digitais, mas não encontro. Penso que desta vez foi deve ter sido coisa pequena, daquelas que não merecem que qualquer jornalistas se mace. Afinal, a Dália até se separou do Bernando e a pobre da Bé não tem para onde ir morar. Ele tem que haver prioridades. E também, assim por assim, de pouco importa. A minha tarefa está cumprida, o "Jorge Costa" e o "Vítor Baía" vão fazer parte da minha equipa, e eu só regresso daqui a quinze dias. Despeço-me do porteiro com um "até ao fim do mês", dito num sorriso. Boas férias doutora, verbaliza ele acenando, enquanto me vê afastar em direcção às malas que tenho para fazer.

(foto da minha war zonegamada ao jornal Público e supostamente tirada aquando do ultimo tiroteio a sério)

sábado, 7 de julho de 2012

Os meus homens...

- Aqueles três só me lixam. Saíram-me cá uns cromos...
- Podes crer. E tu és a dona da caderneta!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Chegou

Gosto de surpresas que, apesar de não serem verdadeiramente surpreendentes, acabam por me surpreender.
Gosto de envelopes verdes.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Coisas que não compreendo mas que me divertem

O desassossego que uns saltos agulha de 10 centímetros causam nos homens.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Já quase pareço aquele gajo, o Marx, mas o das cantigas.

- Vás onde fores, faças o que fizeres, eu continuarei aqui...
- À espera?
- Não. Apenas aqui.

domingo, 1 de julho de 2012

Sexta-feira

Depois de materializado o inevitável, assaltam-me sentimentos ambivalentes, que me prendem em cima de uma espécie de muro, privando-me da vontade de escolher para que lado cair. Mas também de que importa? Seja qual for o lado escolhido/determinado/imposto/sorteado, a energia necessária para iniciar a caminhada é excessiva, e a minha resistência está nos mínimos. Se ao menos eu conseguisse fazer-nos regressar ao estado de abnegação. Se ao menos eu conseguisse obrigar-nos a desistir de nós.